Se meu canto fosse forte
e mudasse o norte desses ventos
se tivesse um quebranto em meu canto
e espalhasse a sorte nesses tempos
buscaria palavras profundas
inventaria rimas imundas
até surgir um sol
nos meus vãos pensamentos
daria um tranco no sofrimento
arrebataria o momento
com um novo canto
a cada instante
se meu canto curasse a dor
se meu canto fosse um unguento
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
O Tempo
O tempo carente
menino manhoso
se agarra na gente insistentemente
o tempo faz birra
mas ele não sabe
que para sempre ele amanhece
e a gente anoitece eternamente
menino manhoso
se agarra na gente insistentemente
o tempo faz birra
mas ele não sabe
que para sempre ele amanhece
e a gente anoitece eternamente
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Julho
Deus concêda-me um abraço desses
No silêncio de julho
No meio do ano
Quando nem mesmo uma reza me vale
E nada equivale ao meu abandono
Deus concêda-me um instante de febre
Um breve descanso
Nesses braços sem nome
Pétala crespa
Pescoço abdômen
Por um segundo, meu Deus, esse berço
Regaço macio pra minha cabeça perdida
Por um momento, meu Deus, eu peço
Mesmo que eu seja para sempre insone
E compadeça até o fim da vida.
No silêncio de julho
No meio do ano
Quando nem mesmo uma reza me vale
E nada equivale ao meu abandono
Deus concêda-me um instante de febre
Um breve descanso
Nesses braços sem nome
Pétala crespa
Pescoço abdômen
Por um segundo, meu Deus, esse berço
Regaço macio pra minha cabeça perdida
Por um momento, meu Deus, eu peço
Mesmo que eu seja para sempre insone
E compadeça até o fim da vida.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Enquanto ando
me embrenho no breu
das coisas do mundo
Fundo sem fundo
O mundo é um vão sem parede
Corda bamba sem rede
para quem quer se soltar
Enquanto ando encantoando a dor
canto e ando
vez em quando com fé
vez em quando descrente
O mundo é um sortimento de gente
que não se deixa abraçar
E quanto mais longe vou
mais preso me sinto
O mundo é um labirinto
quanto mais me encontro
mais me ausento
Fundo sem fundo
o mundo é cigano
tanto seduz quanto assusta
feito um gigante a espreita
que nem de longe suspeita
da minha paixão
Mas as coisas do mundo
é um corte profundo
no meu coração
me embrenho no breu
das coisas do mundo
Fundo sem fundo
O mundo é um vão sem parede
Corda bamba sem rede
para quem quer se soltar
Enquanto ando encantoando a dor
canto e ando
vez em quando com fé
vez em quando descrente
O mundo é um sortimento de gente
que não se deixa abraçar
E quanto mais longe vou
mais preso me sinto
O mundo é um labirinto
quanto mais me encontro
mais me ausento
Fundo sem fundo
o mundo é cigano
tanto seduz quanto assusta
feito um gigante a espreita
que nem de longe suspeita
da minha paixão
Mas as coisas do mundo
é um corte profundo
no meu coração
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Caquizeiro
A tarde era imensa sombra debaixo dos caquizeiros
No abandono o menino fazia planos
De repente chusma de borboletas azuis e duas amarelas
Eufórico e afônico
o menino gritava pra ninguém:
Ali elas, ali elas...
No abandono o menino fazia planos
De repente chusma de borboletas azuis e duas amarelas
Eufórico e afônico
o menino gritava pra ninguém:
Ali elas, ali elas...
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Eu
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